Opinião

Natal, uma vez mais: tempo de conciliação e amor

Por: Cristina Vergnano

Desde faz mais de um mês, o comércio vem fazendo sua arruaça anual em torno das festas de final de ano, em particular, do Natal. Mesmo quando nos ofereciam mensagens positivas e edificantes, o faziam envolvendo-as num convite ao consumo. Se pensarmos, pelo menos, nas condições atuais de nosso planeta, esse aspecto concreto das publicidades torna-se mais preocupante, além de ecologicamente incorreto, por assim dizer.

Finalmente, hoje, a data tão esperada chegou e várias comemorações puderam e podem ser vistas, ouvidas, sentidas, compartilhadas. Há, ademais dos encontros entre famílias e amigos, ceias, presentes e mensagens, as celebrações religiosas. Tudo nos convida a festejar, mas, também, a refletir.

O Natal, em seu sentido estrito e original, é a celebração do nascimento de Cristo. É Deus-Conosco, vindo ao mundo e cumprindo sua promessa de trazer alento e redenção, com foco especial nos pobres e sofredores. Trata-se, portanto, de um evento importante da cristandade, ligado à fé no divino e nas profecias da tradição judaica que anteciparam o evento da Salvação. Neste sentido, as diferentes denominações cristãs prestam culto ao Menino-Deus, rememorando o mistério de sua encarnação, desejando que sua luz ilumine os corações e caminhos, enchendo-os de paz.

É bastante comum ouvirmos, nesta época, entre as pessoas que professam alguma crença cristã, queixas sobre a paganização de uma festa que deveria ser sagrada, respeitada e tratada como tal. Nessa linha, muitas vezes, acaba-se demonizando a figura de Papai Noel, tão simpática para as crianças, por seu potencial de apagar o verdadeiro significado da data, voltando-a para o consumo desenfreado e a ênfase nos presentes.

O personagem, contudo, por mais que tenha sido transformado em “garoto-propaganda” de uma marca de refrigerante no século XX, tem sua origem num homem real. Remete a Nicolau, nascido na Ásia Menor, bispo de Mira (na atual Turquia) e santo católico, que viveu no século III. Nasceu rico, filho de nobres, mas envolto em grande religiosidade, caracterizando-se por sua simplicidade, fé e caridade. A associação à figura de Noel, provavelmente, vem da ajuda que prestava aos pobres e aos presentes que deixava para as crianças. Se pensarmos com isenção, poderíamos, inclusive, considerá-lo um bom exemplo do ideal cristão de cuidado com o outro.

O mundo e seus habitantes, porém, são plurais. Embora eu reconhecendo e abraçando o caráter sacro do período natalino, seria injusto da minha parte ignorar que coexistem com a cristã outras crenças, as quais não veem o Natal sob essa ótica, apesar de, sim, desejar comemorá-lo. Há um espírito de amor e concórdia, um anseio de paz e felicidade que permeiam essas festividades. Neste sentido, desejar “feliz Natal” pode revestir-se de um sentimento de harmonia e beleza a ser compartilhado com a humanidade e celebrado. Em nada, me parece, o fato desabona a mensagem viva que é Jesus. Creio, inclusive, fazer coro com Ele e tudo o que representa.

Portanto, que este seja um feliz Natal! Concretize-se como época de encontro sincero com Deus-Conosco, para os cristãos, e tempo de aspirar e propagar o amor, a concórdia, a solidariedade para todas e todos, independente da fé (ou ausência dela) que professem.

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