Digicrônicas

Habemus Papam

Por: Cristina Vergnano

A paz esteja com vocês. Deus nos ama, Deus ama a todos.” Assim se dirigiu aos fiéis, presentes na Praça de São Pedro ou nos meios de comunicação, o papa Leão XIV, em seu discurso após a eleição, na noite de 08 de maio de 2025. Ele é o 267º pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana, o primeiro agostiniano, o segundo do continente americano e o primeiro estadunidense. Apesar de já estar na terceira idade, aos 69 anos, podemos considerá-lo novo, o que, dadas as exigências do trabalho do pontificado, é um ponto favorável. Afinal, como foi mencionado por comentaristas na ocasião, o Vaticano pode ser um Estado diminuto, mas os católicos são muitos (cerca de um bilhão e trezentos e noventa milhões), de diferentes nacionalidades e costumes. Os desafios a enfrentar na direção da Igreja são igualmente enormes.

Após a morte do papa Francisco, periódicos noticiaram uma lista de possíveis favoritos à eleição. Robert Francis Prevost estava entre os nomes citados. O norte-americano de nascimento, que também tem nacionalidade peruana, país onde atuou por muitos anos, tornou-se cardeal recentemente, em 2023. Exerceu, contudo, atribuições variadas e importantes ao longo de sua atividade eclesial.

Francisco foi respeitado e admirado por pessoas de todo o mundo, independente de opções religiosas. Até por isso, percebia-se uma grande expectativa quanto a quem o sucederia. Para os não católicos, o papa é um chefe de estado, líder de uma religião com enorme quantitativo de adeptos, eleito a partir de agendas políticas. Para os católicos, é nosso guia, um pastor escolhido sob a inspiração do Espírito Santo. Em qualquer das duas situações, no entanto, fica patente sua relevância, inclusive em termos diplomáticos, e se entende o sentimento que esta eleição despertava. Qual seria a orientação assumida pelo novo bispo de Roma? Haveria uma continuidade entre o papado de Francisco e o de seu sucessor?

Ao falar ao povo, o papa Leão XIV enfatizou a necessidade da busca pela paz, justiça e trabalho conjunto. Destacou o caráter sinodal e missionário da Igreja, voltada para os que sofrem. Neste sentido, percebemos afinidade com o que observamos no Santo Padre anterior. Há, também, que considerar a escolha de seu nome, uma referência e homenagem a Leão XIII. Este papa do final do século XIX e início do XX fundou a Doutrina Social da Igreja, preocupou-se com a diplomacia e o diálogo com o mundo moderno, bem como exaltou o rosário e a luta espiritual contra o mal. Sendo assim, conforme o publicado no Vatican News e considerando o simbolismo da escolha do nome, parece termos um novo pontífice cuja atitude “reflete o equilíbrio entre contemplação e ação”, alguém que apresenta um cuidado tanto doutrinal, quanto social; voltado para a conciliação, o bem comum, a fé e a caridade.

Não cabe tecer comparações, nem esperar uma cópia do papa Francisco. Cada indivíduo é único e tem algo a contribuir. O papa Leão XIV trará, sem dúvida, ao seu pontificado a bagagem cultural, intelectual, espiritual, administrativa e de pastoreio construída durante sua vida. Aos fiéis, nos compete acompanhá-lo e rezar por ele, pois sua missão é demandante. A todos, católicos ou não, cabe abrir-se para ouvir o que ele tem a dizer em sua busca pela paz e justiça.

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