Digicrônicas

Um sonho traçado e tecido a cada dia

Por: Cristina Vergnano

Foto de Cristina Vergnano: Caixa do bolo de aniversário de 1 ano, em formato de livro. “Sou traçante; um ano traçando histórias”

Neste mês de julho de 2022, o Grupo Traçando completa seu primeiro ano de existência. Reúne escritoras e escritores amadores ou em início de profissionalização, com encontros mensais por videoconferência, a fim de trocar ideias, estudar, exercitar a produção literária e ler. Tive a iniciativa de idealizá-lo a partir da minha experiência no Tecendo o verbo, com o objetivo de formar uma rede de pessoas que compartilhassem o gosto pela escrita criativa, o amor por leitura e literatura e desejassem solidarizar-se, promover intercâmbios, crescimento. Inspirei-me em grupos de escritores, reais ou ficcionais, os quais, ao longo da história, organizaram círculos de convivência, apreciação e comentários de obras e momentos de criação. Também me motivei a fazê-lo, pois sentia falta de um espaço para a camaradagem, a crítica construtiva e o diálogo no âmbito da escrita. Afinal, se escrever é um trabalho solitário para o autor, bem poderia suavizar-se e incrementar-se pela parceria com outros escritores.

Após doze encontros, fico feliz ao constatar que o grupo cresceu e se solidificou, estabelecendo laços de companheirismo. Não sei se, algum dia, seremos mais do que um conjunto de amigos reunidos por interesses afins. Contudo, muitas gerações literárias, revistas, movimentos e autores, me parece, surgiram de pequenos começos, ou vivenciaram esse ambiente coletivo. Ainda que o Traçando não se torne um marco no cenário da literatura, terá servido ao seu propósito original de congraçamento e troca. Entre nós, há quem já está começando a forjar sua trajetória profissional nesse campo e poderá (quem sabe?) lembrar-se do tempo em que pertenceu ao grupo, quando juntos fizemos parte de uma história.

Considero interessante observar como gente de idades, formação, profissão e localização tão distintas podem encontrar muitos pontos em comum, ou transformar o diferente em fonte de inspiração. A maioria de nós está no Rio de Janeiro (capital, Niterói, Macaé e Nilópolis). Mas também há membros no Pará, em Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Paraná. A internet tem-nos permitido viabilizar e fortalecer o contato por meio da conexão virtual. Este, eu diria, foi um dos aprendizados herdados dos anos pandêmicos: um positivo, entre tantas tristezas e perdas. Vários somos professores, embora não todos. Quanto às idades, conseguimos estabelecer intercâmbios bastante produtivos desde as perspectivas de jovens, na casa dos 20 ou 30 anos, até as de idosos, com 60 ou mais. Toda essa diversidade enriquece, sem dúvida, nossa experiência.

Como este mês para nós é época de festa, além da reunião mensal via aplicativo de videoconferência, sentimos a necessidade de estar fisicamente juntos (quem tinha condições de fazê-lo, claro). Então, no domingo, 17 de julho, um dia excepcionalmente ensolarado e quente para o inverno (mesmo o carioca), nos reunimos para um piquenique na Quinta da Boa Vista, cidade do Rio de Janeiro, em comemoração pelo nosso primeiro aniversário.

O parque é emblemático, pois foi a residência da família imperial durante os períodos monárquicos no Brasil, abriga o BioParque do Rio (antigo zoológico), um circo e o Museu Nacional, atualmente em reforma após o incêndio de 2 de setembro de 2018. Tem, ainda, o valor de ser um espaço altamente democrático. Localizado vizinho a uma estação de trem e de metrô, portanto, de fácil acesso, no bairro de São Cristóvão, trata-se de um parque com entrada franca, que recebe pessoas de diferentes pontos do município e da região metropolitana para variadas atividades ao ar livre.

Foto de Washington Junger: Alguns e algumas traçantes na foto de aniversário de 1 ano do grupo, Quinta da Boa Vista.

O que mais poderíamos desejar, com nossas veias de cronistas e contistas? Lá estava a natureza luminosa, os projetos paisagísticos falando do passado, muita gente, cada qual com suas histórias, uma data significativa para celebrar… e estávamos nós.

Um dos colegas me perguntou se eu imaginava, ao criar o grupo, que ele duraria tanto. Outra, no que eu estava pensando ao ter a ideia e até onde poderíamos ir. Bem, sobre meu pensamento ao propor o Traçando, creio que já dei uma dica alguns parágrafos acima. Quanto à nossa duração, fico feliz que tenhamos podido apagar esta primeira velinha. Se o faremos outras vezes? Quem sabe?… Somos um somatório de sonhos, projetos e realidades, traçando-se e tecendo-se a cada dia. O tecido final é ainda um mistério, mas o processo vale cada ponto, vírgula, palavra e ação.



Nota da autora:

O Grupo Traçando fez sua primeira reunião na noite de 22 de julho de 2021. Portanto, hoje é o dia exato de seu aniversário. Naquela ocasião, éramos nove os presentes, a quem podemos considerar membros fundadores, que aprovaram o Manifesto proposto e lido por mim: Cristina, Osvaldo, Jakeline, Rodrigo, Andrea, Viviane, Rita, Marcelo e Elda. Cinco colegas justificaram sua ausência nessa data, das quais, três ainda mantêm vínculo constante conosco e uma, esporádico. Algumas pessoas saíram, mas várias entraram para a turma, tanto convidadas por mim, como por outros membros. No total, somos, atualmente, vinte e seis traçantes.

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2 thoughts on “Um sonho traçado e tecido a cada dia

  • Gente bacana! É um privilégio estar em contato com tanta gente legal, competente, criativa e animada! Parabéns pela iniciativa, profe! Vc é incrível! Deus te abençoe sempre!

    • Oi, querida. Sim, é um grupo e tanto! Um grande prazer ter conjugado este povo e fazer parte dele. Mais maravilhosa é a possibilidade de mantermos contato a distância (um dos lados positivos da tecnologia digital). Bjs,
      Cristina.

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