Opinião

Novidades no reinado de Momo

Por: Cristina Vergnano

Depois de quase um ano de avanços e retrocessos nas determinações restritivas por conta da pandemia de Covid-19, podemos concluir que o fato de vivermos num país de clima quente não constitui um fator de maior garantia contra a infecção. Também é óbvio, apesar das constantes transgressões, o potencial de contágio em grandes aglomerações. E as festas populares costumam ser um cenário fecundo para o acúmulo de gente.

Nesse sentido, as medidas de restrição impostas por diversas cidades durante este carnaval 2021, mesmo com a manutenção do feriado da terça-feira, dia 16, são acertadas e previsíveis. Claro que causam estranheza, um sentimento de coisa deslocada, mas assim deve ser. Momo precisará reinventar a folia para manter seu reinado intacto desta vez.

Confesso que previa a suspensão do feriado neste ano; sua transferência, talvez, para um suposto e possível carnaval fora de época. A “terça-feira gorda” não é feriado nacional. Sê-lo, ou não, depende de legislação estadual e municipal, havendo a possibilidade da definição de ponto facultativo para o funcionalismo público de segunda a quarta-feira, atitude acompanhada por muitas empresas privadas. Até por essa razão, seria possível suspendê-lo. De fato, segundo o noticiado por um jornal nesta semana, poucos foram os estados que mantiveram os pontos facultativos, resultando em jornada normal de trabalho para praticamente todo o país. Aqui no Rio de Janeiro, mesmo sem o ponto facultativo, como o feriado da terça se manteve, a rodoviária já apresenta grande movimentação de gente nesta sexta-feira, em busca de uma escapada carnavalesca, embora inferior à do ano passado.

Não há, como se chegou a propor em 2020, previsão de a folia ocorrer presencialmente em alguma data futura de 2021, por motivos de segurança sanitária. Mas a questão é que o carnaval está na alma e na mente do povo. Dessa forma, sempre há uma solução possível e Momo não ficará sem seus súditos. Fora, temo eu, as tentativas de realização de eventos clandestinos, as diversas experiências com atividades mediadas pela internet ao longo de 2020 se farão presentes, garantindo a festa.

O que está previsto acontecer, então?!? Primeiro haverá as lives e shows de artistas, pelo YouTube, web e canais televisão: Ivete Sangalo e Claudia Leitte, Daniela Mercury, Maria Bethânia, Léo Santana, Harmonia do Samba são alguns exemplos. Depois, temos os blocos que marcarão presença tanto por meio de lives, quanto inovando com clipes, webséries, desfile com carro de som e hologramas. Marchinhas, samba e frevo invadirão as casas e lá acontecerá a folia, a qual contará, também, com bailes virtuais, como o comandado por Preta Gil, na sexta-feira, dia 12. Para quem passar de carro, será possível apreciar o Sambódromo do Rio iluminado com as cores das várias escolas de samba que ali costumam desfilar. Uma homenagem de luzes aos que fazem o espetáculo num evento conhecido pelo mundo afora. Escolas de samba farão mini-desfiles com maquetes, filmados ao som de sambas novos ou reeditados, usando stop-motion. Vocês podem conferir nos dias 13 a 16 de fevereiro (Grupos de Acesso e Especial), no canal da União das Escolas de Samba de Maquete, no YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCt58LolwDBR9L_qh4tZQjsA. Acho que vai valer a pena! Ao menos, é bem diferente…

Rei Momo de máscara, por Cristina Vergnano.

Podemos até precisar nos manter em casa, conservar máscaras e distanciamento. Mas Momo não vai nos abandonar. Seus fiéis súditos garantirão a festa e animarão foliões, estejam eles onde estiverem. O novo normal também pode dar grito de carnaval… Vamos, então, nos esbaldar, “você pra lá, eu pra cá, até quarta-feira”.

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2 thoughts on “Novidades no reinado de Momo

    • Pois é, Angela. Não tenho a cara de pau de achar que sou desenhista, mas me arrisco um pouco para dar colorido a alguns dos meus textos. Afinal, não se trata de uma publicação comercial e desenhar também é bem divertido. No caso do meu Momo, achei que a máscara viria a calhar… Digamos que faz eco com aquele espírito carnavalesco de transgredir e rir de nossa própria adversidade.

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